Tropas Paraenses na tomada de Caiena (1809): entre os inimigos franceses e as guerras internas no antigo Grão-Pará do início do século XIX.

Autores

  • Magda Ricci
  • Itamar Rogério Pereira Gaudêncio Polícia Militar do Pará
  • Lucas Carnevale Machado

Palavras-chave:

Fronteiras, Disputas territoriais, Militares, Guerra de Caiena, Crises políticas no Pará

Resumo

Durante o século XIX, os ofícios entre autoridades portuguesas e as do antigo território do Grão-Pará (hoje Amazônia Brasileira) narram uma história deste território em que a população vivia em constante tensão. A região hoje ocupada pelos estados do Pará, Amapá e parte fronteiriça do Amazonas e de Roraima era palco de diversos conflitos contra os franceses e outros internos, especialmente em Belém, o que envolvia mobilização de tropas e resistências. Nesse processo, ocorreu a ocupação militar da Guiana Francesa por tropas luso-anglo-brasileiras entre 1809 e 1817. Processo gigantesco, tanto pela quantidade de tropas, quanto pela política de seu abastecimento. Este momento gerou lembranças sobre essa atuação e elas foram revividas pelos sujeitos dessa campanha ao longo das diversas crises políticas e sociais em que o Grão-Pará esteve imerso no período imediatamente posterior. Os povos indígenas, negros e mestiços que pegaram em armas ou abasteceram as tropas mobilizadas para a Campanha da ocupação de Caiena permaneceram ativos mesmo depois de 1817. Eles ajudaram a formar batalhões militares, mas foram além, atuando nos anos de 1820 e 1830 durante a época da independência e da Cabanagem. Para isso, houve a criação de mecanismos de defesa interna das vilas e da cidade de Belém. Nasceu aí um regimento de 1° Linha, ou de polícia, que teve sua formação em 1818 por determinação do então governador do Pará, o conde de Vila Flor e que marcou, de forma indelével, a organização do combate à violência e criminalidade neste período conturbado da história amazônica.

Biografia do Autor

Magda Ricci

Livre docente em História Social da Amazônia pela UFPA;

Doutora em História pela UNICAMP;

Professora Titular da Faculdade de História da Amazônia - UF`PA;

Professora do Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia - UFPA;

Chefe do Centro de Memória da Amazônia - UFPA.

Itamar Rogério Pereira Gaudêncio, Polícia Militar do Pará

Doutor em História Social da Amazônia pela UFPA;

Docente do IESP;

Docente da ESMAC;

Major da Polícia Militar do Pará;

Chefe da PM8 do Estado-Maior Geral'.

Lucas Carnevale Machado

Doutorando em História Social da Amazônia pela UFPA;

Mestre em Ciências do Patrimônio Cultural PPGPATRI/UFPA;

Especialista em História Militar pela UNISUL;

Graduado em História pela UEPA;

Professor da rede municipal de ensino da prefeitura de Belém.

Referências

ALMADA, Maria de Lourdes Bejarano. Las bulas alejandrinas: detonates de la evangelización en el Nuevo Mundo. Revista de El Colegio de San Luis v. 6, n.12, p. 224-257, 2016.

BAENA, Antônio Ladislau Monteiro. Compêndio das eras da Província do Pará. UFPA, Belém, 1969.

BAENA, Antonio Ladislau Monteiro. Ensaio Corográfico sobre a província do Pará. 2ª ed., Brasília: Senado Federal, 2004 (1ª edição, 1839).

BAPTISTA, Marco Túlio Freire et al. Instabilidade política na província do Grão-Pará: o processo de difusão do liberalismo (1817-1834). Revista Dia-logos, Rio de Janeiro, 2021.

BENTO, Claudio Moreira. Amazônia Brasileira: Conquista, consolidação e Manutenção (1616 – 2003). Porto Alegre, Gênesis, 2003.

BOITEUX, Nylson Reis. A conquista de Caiena: Heroico episódio militar brasileiro, esquecido. Rio de Janeiro, Revista do Exército Brasileiro, v. 153, n. 1, p. 6-10, jan-abr, 2017.

CARDOSO, Ciro Flamarion. A Tomada de Caiena vista do lado francês. Navigator, v. 6, n. 11, p. 13-23, 2019.

COELHO, Mauro Cezar; MELO, Vinícius Zúniga. Nem heróis, nem vilões: o lugar dos Diretores de povoações nas dinâmicas de transgressão à lei do diretório dos índios (1757-1798). Revista de História (USP). São Paulo, n° 174, p. 101-129, jan-jun 2016.

COSTA, João Severiano Maciel da. Apologia que dirige à nação portuguesa João Severiano Maciel da Costa. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1821.

COSTA, João Severiano Maciel da. Memória sobre a necessidade de se abolir a introdução de escravos no Brasil. Coimbra: Impresa da Universidade, 1821.

DUVE, Thomas. El Tratado de Tordesillas:¿ Una ‘revolución espacial'? Cosmografía, prácticas jurídicas y la historia del derecho internacional público. Revista de historia del derecho, v. 54: p. 1-10, 2017.

FERNANDES, Maria Luiza; GOMES, Gregório Ferreira Filho. A expedição de Pedro Teixeira e a" descoberta" do Rio Branco. Territórios e Fronteiras, v. 7, n. 1, p. 147-164, 2014.

GRANGE, Stéphane. O contestado Franco-brasileiro: desafios e consequências de um conflito esquecido entre a França e o Brasil na Amazônia. Revista Cantareira, n. 17, p. 20-39, 2012.

GRUZINSKI, Serge. A Amazônia e as Origens da Globalização (Séculos XVI a XVIII). Coleção Amazônia, Belém, editora estudos amazônicos, 2014.

MARIZ, Vasco, and Lucien Provençal. La Ravardière e a França Equinocial: os franceses no Maranhão (1612-1615). Topbooks, 2007.

NOGUEIRA, Shirley Maria Silva et al. A soldadesca desenfreada: politização militar no Grão-Pará da Era da Independência (1790-1850). Tese de doutoramento em história UFBA, Salvador, 2009.

PEREIRA, Ivete Machado de Miranda. Conquista e capitulação da guiana francesa. I Seminário Nacional do século XIX, 2015.

POLIDORI, Laurent. Jean Richer na Guiana Francesa (1672-1673): a expedição e sua contribuição para a história da astronomia e da geodésia. Revista Brasileira de História da Ciência, v. 14, n. 2, p. 144-170, 2021.

REIS, Arthur Cézar Ferreira. A Amazônia e a Cobiça Internacional. Rio de Janeiro: Companhia editora Nacional, 1960.

REIS, Arthur Cézar Ferreira. A Amazônia e a Integridade do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2001. (1ª edição, Manaus.1966).

RICCI, Magda. O fim do Grão-Pará e o nascimento do Brasil: Movimentos sociais, levantes, e deserções no alvorecer do Novo Império (1808-1840). Os senhores dos rios. Amazônia, margens e história. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2003.

RICCI, Magda. Fronteiras da nação e da revolução: identidades locais e a experiência de ser brasileiro na Amazônia (1820-1840). Boletín americanista, n. 58, p. 77-95, 2008.

ROSTY, Cláudio Skôra. Invasão da Guiana Francesa em 1809. A Defesa Nacional, v. 95, n. 815, 2009.

ROSTY, Cláudio Skôra. Campanha da Guiana Francesa: Caiena tomada aos franceses. Revista Navigator. n. 06, p. 43-51, 2010.

SANDOVAL, Márcio. Numismática - Museu Histórico nacional (1941), Blog Sterling Numismática, 12 de maio de 2012. Disponível em: http://sterlingnumismatic.blogspot.com/2012/05/numismatica-museu-historico-nacional.html. Acesso em: 12 Jul. 2023.

FONTES PRIMÁRIAS CONSULTADAS

Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) no site da Biblioteca Nacional.

Carta Régia de 12 de maio de 1798. AHU, Livro de Registro de Cartas Régias, Instruções e Provisões – Capitanias do Pará e Rio Negro 1790-1799. Códice 588, vol. 1, f. 181-195.

Requerimento de Luís Caetano de Leirós e Castro para o rei D. João VI em 6 de setembro de 1821. AHU, ACL, CU 013, Cx. 151. Doc. 11659

Fala dirigida pelo exm.o snr. conselheiro Jeronimo Francisco Coelho, presidente da Provincia do Gram-Pará, á Assembléa Legislativa Provincial na abertura da sessão ordinaria da sexta legislatura

no dia 1.o de outubro de 1848. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/172#?c=4&m=0&s=0&cv=0&r=0&xywh=-1510%2C-162%2C4570%2C3224

Downloads

Publicado

18-07-2024

Como Citar

Ricci, M., Rogério Pereira Gaudêncio, I., & Carnevale Machado, L. (2024). Tropas Paraenses na tomada de Caiena (1809): entre os inimigos franceses e as guerras internas no antigo Grão-Pará do início do século XIX. Periódico Científico PMPA EM REVISTA, 2(3), 12–28. Recuperado de https://revista.pm.pa.gov.br/index.php/pmpaemrevista/article/view/50

Artigos Semelhantes

1 2 3 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.